A trilha 4 da Conferência Anprotec, realizada no dia 08 de novembro, explorou esse tema com a participação de Anápuàka Muniz Tupinambá Hã hã hãe, CEO e fundador da Casa e Rádio Yandê, João Souza, co-fundador e diretor de novos negócios e parcerias do FA.VELA, e Sil Bahia, co-diretora executiva do Olabi. A moderação ficou por conta de Emanuelly Oliveira, fundadora do projeto Social Brasilis.

Anápuàka, João e Sil
Nesse espaço, discutimos os impactos transformadores da inovação e das novas tecnologias na superação de desafios relacionados à desigualdade e à inclusão socioeconômica. O debate foi centralizado em populações que muitas vezes estão à margem das questões sociais e por esse motivo não acessam informações e oportunidades igualmente.
Emanuelly Oliveira compartilhou a sua trajetória e a missão do projeto Social Brasilis, que se dedica em desenvolver habilidades 4.0 e competências digitais em comunidades, preparando-as para o futuro da sociedade e para a nova economia.
João Souza apresentou sobre a importância de tornar a linguagem da inovação acessível a todos. Ele detalhou a jornada do FA.VELA, um empreendimento social focado em promover a diversidade e o desenvolvimento social, econômico e ambiental.
A co-diretora executiva do Olabi, Sil Bahia, falou sobre a sua experiência na promoção de mudanças positivas na sociedade por meio de inovação social, tecnologia e criatividade, destacando o Preta Lab, uma iniciativa para mapear mulheres negras na área de inovação e inspirar outras mulheres.
Anápuàka Muniz Tupinambá Hã hã hãe contou a sua trajetória, sua atuação multipotencial em frentes diversas como o Festival de Música Indígena, a rádio e a missão que possui como fundador do Maní Bank, o primeiro banco indígena do Brasil, com o objetivo de atender mais de 300 povos indígenas com mais de 200 línguas diferentes no país, os quais possuem necessidades específicas.
“Pesquisei por banco indígena no Google e aparecem bancos de madeira na busca. Desde então comecei a pensar sobre como poderia mudar, criar novos modelos de negócios, como impactar a vida dessas pessoas”.

Segundo Anápuàka, os editais existentes não contemplam a diversidade e por naturalidade exclui povos indígentas, negros e quilombolas. As demandas precisam ser ouvidas e, além disso, entender como as ferramentas atuais podem fazer flexibilizações, quando o assunto é política pública. Para ele, se os parâmetros estabelecidos permanecerem, ele jamais vai conseguir dar uma palestra para o Sebrae, por exemplo. “Não estamos em posições iguais de entendimento de sistemas. São regras, protocolos que precisam ser quebrados ou criar novos para cada momento.”
Nessa jornada, foram abordados também inovação rural, diversidade nos programas de empreendedorismo, a relação entre apoio empreendedor e investimento social privado, experiências de empreendedorismo nas periferias, capital de risco e equidade racial. Todas essas são questões fundamentais para construirmos um ecossistema empreendedor verdadeiramente inclusivo e diverso, com um desafio exponencial quando o assunto abrange um país com proporções continentais e igualmente desafiador considerando as características e demandas de cada região.
O estado do Espírito Santo é um exemplo desse contexto, pois que embora esteja incluído na região sudeste do país, possui uma realidade específica quando o assunto é desenvolvimento social e econômico, por meio da ciência, tecnologia e inovação. Parte dos municípios ainda são contemplados com recursos da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e são comparados com os índices de cidades da região nordeste. Nesse sentido, há um contexto histórico e cultural a ser considerado, quando o assunto é a distribuição de políticas públicas, sobretudo quando identificamos as suas comunidades diversas como índios, quilombolas, imigrantes entre outros.