No cenário dinâmico da inovação, onde o futuro se constrói nas tramas das ideias e no entrelaçar de oportunidades, o painel “Perspectivas do Financiamento à Inovação no Brasil” durante a 33ª Conferência Anprotec foi um farol a iluminar possíveis caminhos e destacando conexões fundamentais entre as agências de fomento à inovação.
Sob a moderação de Leonardo Melo, representando a Anprotec, a discussão ganhou vida com as vozes experientes de Maurício Neves (BNDES), Marcelo Camargo (Finep), Luciano Cunha de Souza (Embrapii) e Márcio Ramos (CNPq). Cada um deles apresentou nuances valiosas para entender não apenas o presente, mas o horizonte que se desenha para o financiamento à inovação no Brasil.

Maurício Neves iniciou a sua fala, ressaltando a importância da colaboração entre as instituições no contexto do ecossistema de inovação. Ele defendeu a seguinte condição:
“Se estamos falando em ecossistema de inovação, precisamos atuar como um ecossistema também por parte das agências. Temos que trabalhar de forma integrada tanto em questão estratégica quanto em alinhamento tático e operacional”, ponderou.
Luciano Souza, da Embrapii, apresentou necessidade de fortalecer os laços entre instituições, exemplificando como empresas que buscam a Embrapii muitas vezes estão conectadas a recursos da Finep ou do BNDES. A sinergia entre essas agências cria um fluxo propício para a inovação, mas agora é o momento de escalar essa colaboração para alcançar mais regiões do Brasil.
Márcio Ramos, do CNPq, apresentou um ponto muito relevante: a lacuna entre a academia e as empresas no Brasil. Com 70% dos doutores concentrados nas universidades, enquanto em países desenvolvidos esse percentual se inverte, é essencial repensar a integração entre a área acadêmica e as instituições privadas. Uma iniciativa importante nesse sentido é o financiamento de bolsas do CNPq para levar doutores para as empresas, encurtando essa distância.

Márcio Ramos (CNPq) apresentando o crescimento da formação de mestres e doutores nos últimos anos
Explorando os caminhos da Embrapii, Luciano de Souza detalhou a abordagem flexível da instituição, especialmente com startups. Com uma estratégia que envolve parcerias com o Sebrae, a Embrapii facilita o acesso a recursos, tornando o desenvolvimento de projetos mais acessível para empreendedores iniciantes. Ele também destacou o fluxo contínuo para apoiar projetos inovadores em diversas áreas, como computação quântica, inteligência artificial, saúde, entre outras.
Marcelo Camargo, representando a Finep, apresentou os desafios e as oportunidades presentes no cenário atual. Destacou a intensa discussão sobre temas como transição energética, defesa, saúde e descarbonização. O papel da Finep será importante nesse contexto, promovendo a inovação e incentivando o país a ocupar espaços estratégicos, como na energia renovável.
No encerramento, Marcelo apresentou o “Mais Inovação Brasil”, programa em parceria com o BNDES. Com foco em seis missões, o programa busca impulsionar a inovação em setores como agroindústria, saúde, infraestrutura, transformação digital, bioeconomia e tecnologias críticas. Destacou a importância de oferecer serviços diversos para que as empresas tenham recursos para inovar, garantindo a autonomia tecnológica do país.
As palavras finais de Márcio Ramos do CNPq foram um chamado à ação coordenada. Ele enfatizou a importância de manter foco e a continuidade nas políticas públicas de ciência e tecnologia, citando exemplos como Suíça e China, que mantêm uma trajetória estável em suas prioridades, independentemente da mudança dos seus governos. Com a 5ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia prevista para o próximo ano, é a hora de consolidar agendas internas e promover diálogos que moldarão o cenário dos próximos anos.

Maurício Neves (BNDES), Márcio Ramos (CNPq), Luciano Cunha de Souza (Embrapii) e Marcelo Camargo (Finep)
A jornada pela inovação no Brasil é promissora, mas depende da sintonia entre setores público e privado, da aproximação entre academia e empresas, e do constante aprimoramento das estratégias de fomento. É neste contexto que o Espírito Santo pode ser tornar cada vez mais mais representativo nesse diálogo. Conectar-se a esse debate não apenas posiciona o estado como parte integrante das transformações em curso, mas também abre portas para oportunidades significativas de crescimento, fortalecendo sua presença no cenário nacional e internacional da inovação.
O futuro do Espírito Santo está intrinsecamente ligado à capacidade de se engajar e contribuir para moldar os rumos da inovação no país, abraçando o potencial transformador que esse movimento pode oferecer ao desenvolvimento social e à economia. Assim, desbravamos caminhos que levam a um futuro onde a inovação não será apenas uma promessa, mas uma realidade transformadora para o Brasil.