Da Vinci explorava os limites da criatividade e da engenhosidade. Ele desafiou as convenções de sua época nos anos de 1500, questionando, experimentando e inovando. A trilha ‘Futuros emergentes: impactos na sociedade’ nos convidou a participar de um momento que nos tirou dos trilhos convencionais do pensamento.
Os participantes desse painel foram Felipe Koch da Université Paris-Est Créteil, Heloisa Menezes da Fundação Dom Cabral e Rosa Alegria do Projeto Millennium Brasil. A moderação da discussão foi feita por Emanoel Querette (Anprotec/Embrapii).
Num mundo onde as referências atuais estão constantemente mudando e o futuro permanece incerto, é como se estivéssemos pintando uma tela em constante evolução. Rosa Alegria nos alertou sobre o enfraquecimento da sociedade, destacando como até mesmo a capacidade de imaginar o futuro está sendo atrofiada. Para ela é como se, ao delegarmos respostas à inteligência artificial, estivéssemos perdendo a habilidade essencial de formular perguntas que são essenciais para realizarmos transformações no mundo. Assim o fez da Vinci em suas imersões curiosas e descobertas em áreas distintas.
“A sociedade está sendo enfraquecida, atrofiada em seu poder imaginário e isso é muito grave. Quando perguntávamos para um jovem adolescente sobre como seria o mundo em 100 anos, ele conseguia formular uma perspectiva, era mais fácil. Hoje o jovem não consegue pensar num cenário de um ou dois anos. Estamos delegando para a inteligência artificial as respostas, mas sem saber fazer perguntas”. Rosa Alegria
Quando discutimos o futuro, é essencial abordar o surgimento de novas tecnologias e seus impactos na sociedade. Nesse contexto, Heloisa Menezes falou sobre a importância de adotar uma visão holística em relação às inovações. Ela destacou que “as novas ferramentas tecnológicas devem ser benéficas para a sociedade como um todo. Para alcançar esse objetivo, é fundamental antecipar os possíveis cenários futuros e identificar formas de ação mais imediatas.”
Ao explorar abordagens práticas para a construção de futuros, Felipe Koch falou sobre a necessidade de transição de estruturas reativas para estruturas antecipatórias. Ele ressaltou a importância de desenvolver a capacidade de pensar organicamente em maneiras de lidar com futuros alternativos. Em suas palavras: “É imperativo aprender a utilizar os futuros, e a principal ferramenta para isso é a alfabetização em futuros, também conhecida como futures literacy. Essa habilidade, promovida pela UNESCO, capacita as pessoas a visualizarem diversos cenários futuros, permitindo a antecipação de decisões e ação no presente.”
Leonardo da Vinci, em sua busca incessante por conhecimento, como sabemos, compreendeu que o poder está na indagação, na curiosidade que desafia o status quo. Da mesma forma, enfrentamos um desafio vital: não apenas adotar as mudanças tecnológicas, mas também questionar, moldar e influenciar os caminhos que essas transformações estão tomando.

Da esq. para a direita: Emanoel Querette, Felipe Koch, Heloisa Menezes e Rosa Alegria
Neste contexto de rápidas transformações sociais e avanços tecnológicos, é imperativo cultivar nossa própria versão da curiosidade de Da Vinci. Somente ao questionar incessantemente, explorar alternativas e desafiar as previsões convencionais poderemos navegar com confiança nesse mar de incertezas e, quem sabe, esboçar um futuro que, assim como as obras de Da Vinci, seja verdadeiramente revelador.
O exercício de integrar a perspectiva dos participantes em nossas reflexões sobre o futuro significa reconhecer não apenas os desafios trazidos pelas novas tecnologias, mas também a importância de adotar uma abordagem mais proativa, antecipando-se às transformações para orientar ações presentes. Essa fusão de insights reforça a necessidade não apenas de compreender os futuros emergentes, mas de cultivar a literacia em futuros como uma ferramenta essencial para enfrentar os desafios dinâmicos de nosso tempo.